Compositor: Georges Brassens
Almas dos meus ancestrais, protegei-me, boas almas!
Os prazeres carnais me arruínam
A mulher da minha vida, que lástima!, é ninfomaníaca
Os prazeres carnais enchem-me o saco
Com o pretexto de me dar uma descendência
Os prazeres carnais me arruínam
Ela faz-me passar a existência na alcova
Os prazeres carnais enchem-me o saco
Embora eu peça piedade, invoque a enxaqueca
Os prazeres carnais me arruínam
Ao altar conjugal, implacável, ela me arrasta
Os prazeres carnais enchem-me o saco
E eu curvo a espinha, lastimando, taciturno
Os prazeres carnais me arruínam
Que não se encontrem mais filhos nos repolhos, nas rosas
Os prazeres carnais enchem-me o saco
E mordo a maçã, depois, reclamo uma pausa
Os prazeres carnais me arruínam
Quando a maçã está mordida, ela cresce mais forte ainda
Os prazeres carnais enchem-me o saco
Metamorfose inédita, metampsicose infame
Os prazeres carnais me arruínam
É o tonel das Danaidas transformado em mulher
Os prazeres carnais enchem-me o saco
Chego até a desejar que vire sem-vergonha
Os prazeres carnais me arruínam
Que arranje um amante ou dois que me auxiliem
Os prazeres carnais enchem-me o saco
Ora, infelizmente, a sujeitinha é fiel
Os prazeres carnais me arruínam
Penélope é uma devassa ao lado dela
Os prazeres carnais enchem-me o saco
Alguns, a dentadas, cavam a própria sepultura
Os prazeres carnais me arruínam
Eu uso um utensílio de outra natureza
Os prazeres carnais enchem-me o saco
Depois que vocês me embalarem no caixão
Os prazeres carnais me arruínam
Tomem o cuidado de fechar bem o túmulo
Os prazeres carnais enchem-me o saco
Pois, mesmo morto, deveria ceder aos seus ritos
Os prazeres carnais me arruínam
E meus ossos não teriam o descanso que merecem
Os prazeres carnais me enchem o saco
Antes, que me incinerem! Ela não ousará descer
Os prazeres carnais me arruínam
Sacrificar a Vênus com minhas pobres cinzas
Os prazeres carnais me enchem o saco
Almas dos meus ancestrais, protegei-me, boas almas!
Os prazeres carnais me arruínam
A mulher da minha vida, que lástima!, é ninfomaníaca
Os prazeres carnais me enchem o saco