Compositor: Georges Brassens
Senhora, mesmo a quatro vinténs
Nosso velho romance de amor conhe-
ceria seguramente alguns encalhes
Ele foi ordinário. Permita
Que eu maquie a verdade
A reinvente
Nós nos encontramos num ônibus
Que nos levava, triunfalmente, ao plantão
Numa noite de prisão coletiva em Pigalle
Prefiro afirmar, que chique!
Que nos apresentaram no palácio do
Príncipe de Gales
Esqueçamos o hotel mal-afamado
O hotel suspeito onde nos amamos
Calemo-lo, eu ficaria bem na foto
Parece-me mais transcendente
Situar nossos jogos amorosos
Numa choupana
Os anjos voaram muito baixo
Seus suspiros não passaram
Da sobreloja, do andar térreo
Forcemos a barra e realcemos
Para muito além do muro do som
A odisseia deles
Não deixemos (que dó!)
Nossa lua-de-mel no bairro
Da zona. Preconizo
Que a tenhamos vivido na Itália
Sob o belo céu de Nápoles
Ou de Veneza
Um dia, seu coração se cansou
E você partiu – fiquemos em silêncio
Sobre isso - batendo a porta
Marguerite, sejamos decentes
Contemos, antes, que você
Morreu tossindo
Dois anos depois, contados no relógio
Eu consolava-me, é humano
Com uma de suas semelhantes
E finjo ser, faz um efeito incrível
O viúvo ainda de luto, o viúvo
Inconsolável
É a revanche do vencido
É a revanche do chifrudo
Agir assim quando lembra
Sua história: o máximo que pode
Tenta torná-la um pouco
Menos equívoca